04/04/2009

Poema de uma noite de Março.....

Flores da noite

Diante de um espelho. Me encontro. Onde ainda nem sei como vim parar. Tento ver algo em que me agarrar, parece que estou a 2 metros do chão, mas porque continuo a cair? Quero largar a corda. Por quê?
Num instante seguro a respiração. Lanço-me no escuro confortante - confiante. No horizonte uma nuvem tal qual uma rosa. A luz da manhã fere meus olhos. Meus pensamentos caem de meu coração e se derramam pelas veias. Como vim parar aqui? A saudade aumenta e sai pela boca.
La embaixo um lago. Profundo. Vivo! Ainda vou viver. Mas porque vejo o lago aqui de cima? E as flores ao meu lado? Elas procuram em vão por calor e proteção. Eu não sei por quê. A lua ainda nos faz companhia. Pálidas! Seu perfume é azedo. Pétalas que não parecem feitas de vida. São fotos desfocadas, excêntricas.
Feitas de uma camada grossa, que lhes protege do frio da convivência. Destes que se aventuram em busca de amor e paixão. Noite após noite. São azedos, simples rascunhos, imobilizados. Como as flores, não conseguem. Não querem ser mais do que fotos (estranhas) de seus sonhos, raios de luar que tudo engana,tudo esconde, desloca.
A flor só consegue pensar: logo vai amanhecer.
Tudo se acaba para a flor, lágrima na estrada. Sem forças, o calor lhe arranca as entranhas. Desesperadamente a noite fria é um desejo, não consegue mais - o lago a envolve com seu carinho. Adeus!

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